19 junho 2005

O Potássio

O potássio (K) é o terceiro mineral mais abundante no organismo, a seguir ao cálcio e ao fósforo. Desempenha um papel de extrema importância, pois trata-se de um electrólito – substância que adquire carga eléctrica positiva ou negativa ao ser dissolvida no meio aquoso da corrente sanguínea. O sódio e o cloro também são electrólitos, e o equilíbrio destes e de outros minerais é essencial para o desempenho de inúmeras funções. A maior parte do potássio do organismo encontra-se no interior das células.
Juntamente com os outros electrólitos, o potássio participa na condução dos impulsos nervosos, no desencadear das contracções musculares, na regulação do ritmo cardíaco e da tensão arterial. Regula a quantidade de fluído no interior das células, enquanto o sódio controla essa quantidade no exterior, pelo que estes dois minerais equilibram os níveis de fluídos no organismo. O potássio permite ainda a conversão do açucar do sangue (glucose) em energia armazenada (glicogénio). Tem uma acção diurética, pelo que participa na eliminação de toxinas.
Normalmente, as fontes alimentares são suficientes para fornecer o potássio de que necessitamos e, apesar de não existir uma dose diária recomendada para este mineral, a dose segura é de cerca de 2000 mg diários. Pode haver uma deficiência deste mineral (hipocaliémia) devido à toma de determinados medicamentos, certos diuréticos, cortisona e preparações contendo digitalina. As cãibras frequentes podem ser um sinal de falta de potássio ou de magnésio. Níveis elevados de potássio (hipocaliémia) podem ocorrer em casos de doença renal e/ou devido à toma em excesso de suplementos deste mineral.
Porém, os problemas podem surgir quando não é respeitado o equilíbrio entre o potássio e o sódio. Muitos povos, principalmente ocidentais, ingerem menos potássio do que deveriam: preferem muitos elementos processados (ricos em sódio) e comem pouca fruta e legumes, o que acentua o desequilíbrio. De acordo com muitos autores, a proporção recomendável de potássio para sódio é de 5:1. Como é do conhecimento de todos, o excesso de sódio (cloreto de sódio, vulgar sal de cozinha) tem efeitos nefastos: hipertensão, acidentes vasculares, aumento de peso, diabetes, cancro (em especial, cancro do estômago), entre outros. A prática de exercício físico intenso também pode esgotar o nível de potássio dos músculos, pelo que os atletas devem repor repetidamente os índices deste mineral.
Assim, a forma mais importante para restabelecer o equilíbrio entre o potássio e sódio é adquirir hábitos alimentares mais semelhantes aos dos nossos antepassados. Isto é, eliminar os alimentos processados (aperitivos, refeições preparadas, etc.), pois são ricos em sal. Adquira o hábito de ler a lista de ingredientes dos produtos que consome, para confirmar o teor de sódio. Prepare as refeições dando preferência a legumes verdes, carnes brancas, ovos e peixe. Elimine os enchidos. Coza os alimentos a vapor, pois fervê-los em água retira-lhes o conteúdo de potássio. Por exemplo, as batatas cozidas em água perdem 50% de potássio, enquanto cozidas em vapor perde apenas 6%. Dos alimentos mais ricos em potássio saliento a batata, a banana, os frutos secos, a laranja, o tomate, os espinafres e o abacate. Pode substituir o sal de cozinha comum pelos substitutos do sal, à base de cloreto de potássio (com a excepção daqueles que sofrem de insuficiência renal).
Desta forma, o potássio ajuda a diminuir a tensão arterial e a prevenir os acidentes vasculares. O equilíbrio entre o potássio e o sódio ajudam a melhorar o funcionamento das células, o metabolismo do colesterol e a sensibilidade à insulina e a diminuir a quantidade de glucose absorvida no intestino.
A maioria das pessoas não necessita de suplementos de potássio, a não ser que esteja a tomar determinados medicamentos (como referido anteriormente) ou se tem uma dieta desequilibrada. O ideal é obter este mineral através da alimentação diária. Nestes casos, os suplementos de potássio podem revelar-se úteis, mas apenas devem ser tomados sob supervisão médica, especialmente quem toma medicamentos (para a hipertensão, entre outros)ou sofre de determinadas doenças (doença renal).

Pedro Lôbo do Vale (médico) in Única, Expresso, 10 de Junho de 2005

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